terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Looners


"Looners" foi apresentado na dia 22 de novembro de 2009, no Teatro da Caixa, dentro da Mostra Cena Breve, em Curitiba. A cena despertou uma série de opiniões, desde às favoráveis ao trabalho, que reconheceram na sua estrutura a busca legítima pela possibilidade de um teatro menos "dramático", menos aristotélico (onde a realidade e não sua imitação davam o tom da cena); até às críticas austeras, daqueles que se sentiram desrespeitados por não reconhecerem um fio-condutor, a ficção que permitisse uma identificação mais familiar com a obra.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. "Looners" jamais teve por objetivo a ficcionalização do tema. É antes uma performance (lingüística, no que diz respeito ao texto) e não representa nada além de sua própria realidade. Um passo no escuro, o que envolve risco. Entendo que um evento como a Mostra Cena Breve seja a possibilidade de exercitar o risco, de sentir até onde se pode chegar numa pesquisa de linguagem. E então estamos para além de conceitos como bom ou mau, certo ou errado.

Pessoalmente, tenho atração por tudo o que diz respeito à cena. Por tudo o que diz respeito ao humano. Não se trata de julgar o que seja ultrapassado em relação ao teatro, de considerar o drama um estilo defasado ( ainda que, de fato, sua formulação clássica pareça não dar conta de muitas questões da contemporaneidade. E o modo figurativo com que dialoga com a realidade já seja algo extrapolado há muito tempo, haja vista a pintura modernista). Eu mesmo, vez ou outra, me aventuro em montagens deste estilo. E pasmem: gosto muito! Trata-se apenas de considerar que outros caminhos são possíveis, sempre. Não aceitá-los é estar contribuindo para um mundo cada vez mais fundamentalista.

As conseqüências desta postura?

Bem, basta olhar ao redor.

Cleber Braga

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