terça-feira, 17 de novembro de 2009

Looners : "...obsessão cômica de preencher o vazio cósmico..."



Depois de anos pesquisando a possibilidade de um teatro de base não textual, o Elenco de Ouro inicia uma nova fase, em que busca justamente no texto a abertura para uma encenação que comporte múltiplas interpretações. Uma encenação que não apenas ilustre a palavra escrita, mas dialogue com ela, criando espaços dentro da estrutura dramatúrgica que permitam ao espectador completar a obra a partir de sua capacidade cognitiva. Este é o caso de Looners , texto escrito em 2009 por Cleber Braga, durante a Oficina de Dramaturgia com Roberto Alvim, promovida pelo SESI/PR.


A palavra “Looners” designa pessoas que tem excitação sexual ao ver ou tocar balões de látex (as bexigas de festas). Partindo deste fetiche como alegoria de uma sociedade que se estrutura de forma frágil sobre o nada, a cena extrapola o sentido pejorativo que a palavra “vazio” possui, traçando relações entre o vazio do balão inflado, o vazio da tradição Taoísta, o vazio de uma sociedade pós-utopia e o vazio existencial da voz que divaga verborragicamente por toda a cena, mas que almeja o silêncio. Uma gueixa conduz o público por esta viajem em meio a um cenário quase infantil. A palavra “gueixa”, em japonês, significa “pessoa que vive da arte”. Assim, esta personagem emblemática do imaginário japonês figura aqui como uma alegoria possível da condição do artista (preparado, muitas vezes, para agradar e servir a um público restrito). Tadeus Kantor, Gertrude Stein, Clarisse Lispector, são algumas das referências evocadas em cena neste “baile de máscaras” que é conduzido por a voz . Esta voz que já de inicio anuncia: “Cansei de representar".

Nenhum comentário: